A (des)confiança na polícia: uma comparação entre a relação do Ministério Público e a polícia no Brasil e na França

Autores

  • Pedro Heitor Barros Geraldo Universidade Federal Fluminense
  • Luiza Felix de Souza Barçante Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2017.1.24378

Palavras-chave:

Ministério Público. Polícia. Administração de conflitos. Estudos comparados.

Resumo

Este trabalho busca analisar a relação entre a polícia e o Ministério Público no Brasil e na França, através da comparação entre duas pesquisas de campo, contrastando seus dados. No caso brasileiro, trata-se de uma pesquisa de campo sobre a organização do trabalho realizado nos gabinetes da Procuradoria de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Compara-se ela com outra pesquisa em que foi feita a observação de audiências criminais em diferentes fóruns do sudeste francês. Assim, procura-se compreender como estas instituições têm sentidos diversos nesses países, explicitando como a transparência e a cooperação na administração da justiça produzem a confiança entre os atores no caso francês ao passo que a opacidade das formas de produção dos pareceres e a disputa institucional pelo controle sobre os fatos caracteriza tal relação no caso brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Heitor Barros Geraldo, Universidade Federal Fluminense

Universidade Federal Fluminense
Professor Adjunto
Departamento de Segurança Pública
Faculdade de Direito
Professor do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Direito (PPGSD)
Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (InEAC)

Luiza Felix de Souza Barçante, Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal Fluminense (2009) e mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense(2015). Atualmente é doutoranda da Universidade Federal Fluminense, Tutora da Universidade Federal Fluminense e Assessora à Procuradoria (símbolo CCP) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Direito. Atuando principalmente nos seguintes temas:Ministério Público, Pesquisa Empírica, Administração Institucional de Conflitos, profissões jurídicas, Práticas de Trabalho.

Referências

BARÇANTE, Luiza F. de S. O “meu”, o “seu” e o nosso: a gestão particularizada do trabalho realizado no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2015.

BOIGEOL, Anne. A formação dos magistrados: do aprendizado na prática à escola profissional. Revista Ética e Filosofia Política, v. 2, n. 12, p. 61-97, 2010.

CHRISTIN, Angèle. Comparutions immédiates: enquête sur une pratique judiciaire. Paris: Editions La Découverte, 2008.

DAVID, René. Os grandes sistemas do direito contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

DUPRET, Baudouin. A intenção em ação: uma abordagem pragmática da qualificação penal num contexto egípcio. Revista Ética e Filosofia Política, v. 2, n. 12, p. 109-140, 2010.

EMERSON, Robert M. Holistic effects in social control decision-making. Law & Society Review, v. 17, n. 3, p. 425-456, 1983.

GERALDO, Pedro H. B. La proximité au palais: une analyse de la socialisation des juges de proximité. Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2011.

GERALDO, Pedro H. B. A audiência judicial em ação: uma etnografiadas interações entre juristas e jurisdicionados na França. Revista Direito GV, v. 9, n. 2, p. 635-658, 2013.

KANT DE LIMA, Roberto. Por uma Antropologia do Direito, no Brasil. In: Roberto Kant de Lima. Ensaios de Antropologia e de Direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 1-38.

KANT DE LIMA, Roberto. A polícia na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

LYNCH, Michael. Preliminary notes on judges’ work: the judge as a constituent of courtroom “hearings”. In: Max Travers; John F. Manzo (eds.). Law in action: ethnomethodological and conversation analytic approaches to law. Farnham: Ashgate Publishing, 1998. p. 99-130.

MAZZILLI, Hugo Nigro. A atuação do Ministério Público na segunda instância. Revista Plural, v. 14, n. 41-42, 2010 (26 ago. 2014).

MENDES DE MIRANDA, Ana Paula; BERALDO DE OLIVEIRA, Marcella; FERREIRA PAES, Vívian. Antropologia e Políticas Públicas: Notas sobre a avaliação do trabalho policial. Cuadernos de Antropología Social, v. 25, p. 51-70, 2007.

MILBURN, P. Les procureurs de la République: passeurs de justice ou gestionnaires des “politiques pénales”? Droit et Société, v. 74, n. 1, p. 73-90, 2010.

MISSE, Michel. O papel do inquérito policial no processo de incriminação no Brasil: algumas reflexões a partir de uma pesquisa. Sociedade e Estado, v. 26, n. 1, p. 15-27, 2011 <10.1590/S0102-69922011000100002>.

MOUHANNA, Christian. Les relations police-parquet en France: un partenariat mis en cause? Droit et Société, v. 58, n. 3, p. 505-520, 2004.

MOUHANNA, Christian; BASTARD, Benoit. Procureurs et substituts: l’évolution du système de production des décisions pénales. Droit et Société, v. 74, n. 1, p. 35-53, 2010.

PAES, Vívian G. F. Crimes, procedimentos e números: estudo sociológico sobre gestão dos crimes na França e no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond, 2013.

PAES, Vívian G. F. Sobre limites e expectativas da sociedade civil com relação à criação de uma política municipal de segurança. In: Roberto Kant de Lima; Lucía Eilbaum; Lenin Pires (orgs.). Conflitos, direitos e moralidades em perspectiva comparada. Niterói: Garamond, 2010. v. 2. p. 87-109.

POLLNER, Melvin. Explicative transactions: making and managing meaning in traffic court. In: George Psathas (ed.). Everyday language: studies in Ethnomethodology. New York: Irvington, 1979. p. 229-255.

RASSAT, Michèle-Laure. La justice en France. 8. ed. Paris: PUF, 2007.

VIGOUR, Cécile. La comparaison dans les sciences sociales: pratiques et méthodes. Paris: La Découverte, 2005.

WYVEKENS, Anne. L’insertion locale de la justice pénale aux origines de la justice de proximité. Paris: l’Harmattan, 1997.

Downloads

Publicado

2017-05-09

Como Citar

Barros Geraldo, P. H., & Barçante, L. F. de S. (2017). A (des)confiança na polícia: uma comparação entre a relação do Ministério Público e a polícia no Brasil e na França. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 17(1), 159–176. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2017.1.24378